domingo, 24 de outubro de 2010

       O 20 NOVEMBRO
O Dia da Consciência Negra é uma data para a reflexão de todos nós brasileiros. Durante o período da escravidão, os negros sofreram inúmeras injustiças. E ás custas do seu sofrimento nas senzalas, nos campos e nas cidades, foi erguido tudo o que havia no Brasil daquela época. Os negros resistiram de diversas formas, nas muitas revoltas, fugas e com a formação de quilombos em várias partes do país. Assim, surgiu o Quilombo dos Palmares e o seu sonho de liberdade, que teve como principal líder Zumbi.
Veio a Abolição em 1888, o Brasil mudou e hoje é uma das maiores economias do mundo. No entanto, os negros continuaram em situação de desigualdade, ocupando as funções menos qualificadas no mercado de trabalho, sem acesso às terras ancestralmente ocupadas no campo, e na condição de maiores agentes e vítimas da violência nas periferias das grandes cidades. Sua luta, inspirada em Zumbi e em outros heróis negros que tombaram ao longo do caminho, precisava continuar.
Zumbi foi morto em 20 de novembro de 1695, e seu corpo foi exibido em praça pública para semear o medo entre os escravos e impedir novas revoltas e fugas. Mas o efeito foi oposto, despertando em muitos a consciência de que era preciso lutar contra a escravidão e as desigualdades, como Zumbi ousou fazer. A memória deste herói nacional, no Dia da Consciência Negra, nos compromete com a construção de uma sociedade na qual todos tenham não apenas a igualdade formal dos direitos, mas a igualdade real das oportunidades.
http://www.diadaconsciencianegra.com.br/

 

CONSCIENCIA NEGRA

Marcial Salaverry

Falar-se em "Consciência Negra", é algo que deve ser buscado em suas origens.
Os negros foram violentamente arrancados de seu torrão natal.
A violência sofrida fez com que se apegassem às suas origens, aos seus deuses, às suas crenças, como uma espécie de defesa contra as violências a que sempre foram submetidos.
Com a Abolição, começou outra espécie de preconceito. Os empregadores não conseguiam esquecer de que eram escravos recém libertos, sem qualquer tipo de cultura. Incapacitados portanto para qualquer tipo de trabalho que não fosse o braçal.
Assim a situação ficou durante muito tempo, com os negros praticamente segregados, sendo muito difícil qualquer tipo de progresso. O ingresso em escolas sempre era dificultado aos negros. Os problemas cada vez mais se acentuavam.
Contudo, com o passar do tempo, a situação foi mudando. Conseqüência natural da evolução mundial.
As mudanças, no entanto, não foram tão radicais a ponto de se poder dizer que hoje em dia não existe qualquer tipo de restrição ao progresso dos negros.
Há que se notar que ainda existe uma quase segregação. Podemos dizer com mais propriedade que existe um preconceito não se pode dizer racial, mas sim quanto às reais qualificações dos negros.
As chances não são iguais. Poucos são os empregadores que, analisando duas fichas de candidatos com igual grau de conhecimento e de qualificações, irá empregar o candidato negro em detrimento do branco.
Pode-se notar que na maioria das grandes Empresas, de qualquer tipo, são poucos os negros que conseguem cargos a nível de direção. Será por incapacidade, ou por uma espécie de preconceito disfarçado? É algo para ser pensado e repensado.
Já está provado de que com as mesmas possibilidade de estudo e preparo, a cor da pele não significa que determinada pessoa tem maior ou menor capacidade de desenvolver o intelecto, ou de desempenhar funções. A questão é algo digno de estudos.
Analisar-se os porquês é uma outra questão. O que é necessário, é que certos conceitos e preconceitos sejam revistos, que se adquira uma melhor consciência da realidade, não digo nacional, mas mesmo mundial.
Há que se rever certas posições para que doravante não se olhe mais para a cor da pele das pessoas, mas sim para sua real capacidade e inteligência.
Há que se evitar para o futuro esse tipo de coisas. A cor da pele não significa absolutamente nada para se aquilatar a real capacidade das pessoas.
Neste Dia da Consciência Negra é esse apelo que fica. Igualdade total de oportunidades e possibilidades de desenvolvimento.


 

BRASIL - UMA ALMA DE REALEZA E CULTURA AFRODESCENDENTE ABENÇOADA PELOS DEUSES


O costume de se escravizar seres humanos já era antigo, e já existia na África, entre nações africanas inimigas. Os exploradores espanhóis e lusitanos aderiram ao costume, vendo nele um negócio lucrativo para a economia européia durante a colonização. Na África, homens e mulheres, crianças, antes livres; guerreiros, artesãos, caçadores, príncipes e reis e soberanos africanos, eram capturados, por ataques planejados, acorrentados e embarcados nos porões dos tumbeiros para o Novo Mundo. Eram trazidos do Sudão, de Serra Leoa, da Guiné, da Costa do Marfim, da Nigéria, do Congo, de Angola, de Moçambique. Eram etnias diferentes, pessoas que falavam línguas diferentes, que tinham costumes diferentes e que adoravam deuses diferentes. Durante 400 anos, toda a economia do Brasil foi sustentada pelo trabalho escravo. Os maus tratos e a noção de que tais pessoas eram menos do que humanas eram a regra. Todavia, aos poucos, a Alma Africana foi se fundindo com a Alma luso-indígena, tanto em termos culturais, quanto em termos biológicos. Surgiu então uma cultura brejeira e houve um tempo em que a população negra e mulata do Brasil era quase três vezes superior à população mais nitidamente caucasiana. Era a afrodescendência formando a base étnico-cultural do Brasil. O ritmo musical africano, alegre e lúdico, produziu uma infinidade de formas artísticas brasileiras, antes não existentes na África. A culinária sagrada africana, toda ela voltada para os deuses, para os Orixás, entidades dos elementos e forças criadoras-ancestrais, tornou-se profana e se somou à culinária indígena do milho, da mandioca e do peixe, produzindo iguarias gastronômicas inigualáveis. A influência africana produziu ainda modificações mais acentuadas na língua nativa, criando uma forma de português tupinizado e africanizado peculiar ao Brasil. Todo brasileiro nativo tem, na cor da sua pele, e na sua ginga corporal ou mental, a presença indisfarçável de nossos ancestrais negros. O folclore, as artes, a literatura, a forma poética de falar, a postura física, a morenice, o suingue, a tendência carinhosa e informal de falar empregando diminutivos, tudo isto é o pedaço africano da nossa Alma Brasileira, algo que está totalmente enraizado em nosso corpo etérico, por destino dos Deuses. Nossa alma africana nos ensina, por exemplo, a dignidade e a alegria mesmo diante do sofrimento e do preconceito.


INFLUÊNCIA  DA CULTURA FRICANA

AS PALAVRAS COMO MEMÓRIA ANCESTRAL - A INFLUÊNCIA AFRICANA NA LÍNGUA PORTUGESA


A QUIZOMBA DE NHÔ BENTO
Na boteca de Nhô Bento
Ouve-se grande azoeira,
É fuzuê por todo lado:
Cantoria, falatório e brincadeira,
Cheiro gostoso de quitute:
É acarajé, moqueca e guiasado.
A mulata Luanda mexe o tempero
Ao som de um batuque bem brasileiro,
Com o caxixi amarrado na canela,
Mexe, mexe e requebra,
Sem derrubar a caçamba
E sem deixar cair a gamela.
Nhô Bento bate o tambor.
Todo mundo a a roda.
É gente bamba na palma da mão.
A mulata cai no samba
E levanta a poeira do chão.



A CAPOEIRA NÃO É BRINCADEIRA

O Brasil a partir do século XVI foi palco de uma das maiores violências contra um povo. Mais de dois milhões de negros foram trazidos da África, pelos colonizadores portugueses, para se tornarem escravos nas lavouras da cana-de-açúcar.Tribos inteiras foram subjugadas e obrigadas a cruzar o oceano como animais em grandes galeotas chamadas de navios negreiros. Pernambuco, Bahia e Rio de Janeiro foram os portos finais da maior parte desse tráfico. Ao contrário do que muitos pensam, os negros não aceitavam pacificamente o cativeiro; a história brasileira está cheia de episódios onde os escravos se rebelaram contra a humilhante situação em que se encontravam. A cultura africana sofre modificações face à nova realidade. Os escravos foram se rebelando e criando formas de resistência como os quilombos; comunidades organizadas pelos negros fugitivos, em locais de difícil acesso. Geralmente em pontos altos das matas. O maior desses quilombos estabeleceu-se em Permambuco no século XVII, numa região conhecida como Palmares. Lá uma espécie de Estado africano foi formado com pequenas povoações chamadas mocambos e com uma hierarquia onde no ápice encontrava-se o rei Ganga-Zumbi. Palmares pode ter sido o berço das primeiras manifestações de uma luta de defesa pessoal em forma de dança - a Capoeira – herança dos negros bantos de Angola que lá viveram.
Desenvolvida para ser uma defesa, a Capoeira foi sendo ensinada aos negros ainda cativos, por aqueles que eram capturados e voltavam aos engenhos. Para não levantar suspeitas, os movimentos da luta foram sendo adaptados às cantorias e aos ritmos das músicas africanas para que parecessem uma dança e para que se preservasse a herança banto. Assim, como no Candomblé, cercada de segredos, a Capoeira ganhou a malícia dos escravos de "ganho" e dos freqüentadores da zona portuária. Na Cidade de Salvador, capoeiristas organizados em bandos provocavam arruaças nas festas populares e reforçavam o caráter marginal da luta. Símbolo de Identidade, solidariedade e resistência durante décadas, a Capoeira foi perseguida e proibida no Brasil. A liberação da sua prática deu-se apenas na década de 30, quando uma variação da Capoeira (mais para o esporte do que manifestação cultural) foi apresentada ao então presidente, Getúlio Vargas que a considerou uma modalidade esportiva brasileira.
A capoeira possui três estilos que se diferenciam nos movimentos e no ritmo musical de acompanhamento. O estilo mais antigo, criado na época da escravidão, é a capoeira angola. As principais características deste estilo são: ritmo musical lento, golpes jogados mais baixos (próximos ao solo) e muita malícia. O estilo regional caracteriza-se pela mistura da malícia da capoeira angola com o jogo rápido de movimentos, ao som do berimbau e do caxixi. Os golpes são rápidos e secos, sendo que as acrobacias não são utilizadas. Já o terceiro tipo de capoeira é o contemporâneo, que une um pouco dos dois primeiros estilos. Este último estilo de capoeira é o mais praticado na atualidade.


A CULTURA DO HIP-HOP


A cultura Hip-Hop é formada pelos seguintes elementos: O rap, o graffiti e o break.
Rap - rhythm and poetry, ou seja, ritmo e poesia, que é a expressão musical-verbal da cultura negra da periferia.
Graffiti - que representa a arte plástica, expressa por desenhos coloridos feitos por graffiteiros, nas ruas das cidades espalhadas pelo mundo.
Break Dance - que representa a dança e a expressão do corpo. Os três elementos juntos compõe a cultura hip-hop.
O termo hip hop, alguns dizem que foi criado em meados de 1968 por Afrika Bambaataa. Ele teria se inspirado em dois movimentos cíclicos, ou seja, um deles estava na forma pela qual se transmitia a cultura negra dos guetos americanos, a outra estava justamente na forma de dançar popular na época, que era saltar (hop) movimentando os quadris (hip)...
Se existe alguém responsável pela criação da música Break Beat, foram Kool D.J. Herc, Afrika Bambaataa e Grand Master Flash, os que vieram depois só ajudaram a construir o que chamamos de HIP-HOP.

O RAP:
Como já disse anteriormente rap quer dizer ritmo e poesia. Ao contrário de que muitos pensam e dizem por aí, o rap foi criado na Jamaica e não nos Estados Unidos... Por volta de 1960 na Jamaica existiam os "sound systems" muitos populares na ilha, pois sem dinheiro a população dos guetos ia para as ruas e ficava escutando músicas nesses "sound systems" que eram na época algo como hoje em dia é um trio elétrico para nós aqui, só que em escalas bem menores...Daí então com as músicas com ritmos jamaicanos rolando os "toaster" que eram como os mc's (mestre de cerimônias de hoje) ficavam falando frases e discursos sobre as carências da população, os problemas econômicos, a violência nas favelas, enfim sobre a dificuldade em geral da classe baixa dos guetos.
A ida desta nova forma de música para América até então, aconteceu no início de 1970, pois vários jamaicanos tiveram que deixar a ilha do Caribe e emigrarem para a América por problemas econômicos e políticos, trazendo em sua bagagem toda a sua experiência naquele ritmo dos guetos da Jamaica. Daí então com a divulgação do novo estilo de se fazer música até então, desconhecido por lá, começou a surgir grupos de rap por todo gueto de NY.

 O GRAFFITI:
O graffiti em si não há uma citação na história do hip-hop onde ele começou primeiro, ou de que forma foram criadas letras e formas de se desenhar, mas há quem diga que ele foi o primeiro elemento a ser formado. Naquela época, gangues disputavam demarcando becos, muros e trens com seus nomes. Aos poucos a demarcação foi tomando segundo plano para uma verdadeira e nova forma de expressão artística, onde garotos com seus elementos futuristas ditavam novos estilos com o bico do ‘spray’.
  
O HIP HOP NO BRASIL
O nome HIP HOP surgiu no Brasil na década de 80. Ainda não existiam movimentos que retratavam exatamente o fundamento, o significado na íntegra desta cultura, porque todo aquele povo da época (a grande maioria) desconhecia este nome HIP HOP. O que na época foi propagado e muito na mídia, era a febre chamada BREAK DANCE.
Break era a dança do momento na época, que jamais deixou de ser um elemento importantíssimo e imprescindível para o crescimento do movimento no Brasil.
Sendo assim: 1984, foi o ano oficial da chegada da Dança de Rua no Brasil e o surgimento dos B.Boyings, Poppings e Lockings.
Dizem que existiram pessoas isoladas que já começaram a dançar em meados de 1983, mas foi mesmo em 1984 que a mídia, através dos jornais, documentários, revistas, comerciais de TV e filmes que propagou em massa a chegada da nova dança.
Em todos os lugares via-se pessoas com roupas coloridas, óculos escuros, tênis de botinha, luvas, bonés e um enorme rádio gravador mostrando os primeiros passos, do que se tornaria mais tarde uma cultura bem mais complexa. São os chamados rappers.
Na terra brasilis o hip hop na década de 80, contou também com as equipes de Som, estilo black music, como: Chic Show, Black Mad e Zimbabwe e algumas revistas. E é claro dos discos que apareciam na galeria da rua 24 de maio, com o intuito de divulgar o movimento da cultura musical das ruas e da periferia.
Os 4 elementos do Hip Hop são:
- O BREAK: representa o corpo através da dança;
- O MC : a consciência, o cérebro;
- O DJ: a alma, essência e raiz;
- O GRAFFITI: a expressão da arte, o meio de comunicação...

  
FUNK, HIP-HOP & RAP – O RITMO DA CULTURA NEGRA DA PERIFERIA NA CONSTRUÇÃO DE SUA REAL IDENTIDADE


Neste início de século, podemos observar que a juventude vem buscando, cada vez mais, na linguagem simbólica, a principal e mais evidente forma de comunicação e expressão de seus sentimentos; tal está presente na maneira com que expressam seus comportamentos e se posicionam diante de si mesmos e da sociedade.
Esse fenômeno é claramente constatado na cultura negra das ruas, nas escolas ou nos locais onde os jovens se reúnem em busca de diferentes expressões culturais de interesse, como a música, a dança, a moda, o teatro, etc; e se tornam visíveis, através do corpo, dos estilos de roupas e de sua linguagem.
É esse jovem que busca no mundo um espaço privilegiado de práticas, representações, símbolos e rituais para que possam demarcar a sua real IDENTIDADE.
Longe do olhar de reprovação de uma sociedade preconceituosa, esses jovens, principalmente os de afrodescendência, querem atuar como verdadeiros protagonistas no seu próprio meio, construindo uma IDENTIDADE de si mesmos, dos seus grupos e do mundo que os cerca.
Nesse contexto, a música, especificamente nos estilos RAP, FUNK e HIP-HOP, é a atividade que tem um papel importante na construção destes jovens como cidadãos, pois os envolve e os mobiliza. Muitos deles formam grupos musicais das mais variadas tendências, estabelendo e vivenciando trocas de experiências, divertindo, criando, enfim, descobrindo os segredos de ser jovens capazes de mobilizar os recursos culturais da sociedade atual.
Este fenômeno não é privilégio apenas entre os jovens de classe favorecida.
Nas periferias, constatamos uma grande onda cultural protagonizada por muitos grupos dos setores juvenis. Ao contrário da imagem preconceiotuosa criada pela sociedade a respeito dos jovens pobres e negros, nuitas das vezes relacionada à questão da violência e da marginalidade, eles também se posicionam como produtores culturais. Entre eles, a música é o principal produto de consumo e, a partir dela, constroem a sua IDENTIDADE e os seus valores como jovem, negro e pobre, querendo, assim conquistar, sem qualquer tipo de exclusão ou preconceito, o seu espaço e a sua cidadania.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

criando&recriando

Este blogger será  para registar as nossas aventuras. Viajar pelo mundo através da tecnologia. Ampliar o horizonte.